terça-feira, 21 de agosto de 2012

Amy


A primeira vez que ouvi falar em Amy Winehouse foi numa noite descontraída na Lapa, quando a amiga de uma amiga soltou: “Nossa, você é a cara da Amy”. Eu fiz uma cara de que não entendi, enquanto a minha amiga ria sem parar. Ela tinha bebido, é verdade. E depois da efusividade, tratou de me explicar que se tratava de uma cantora inglesa que tinha problemas com drogas. Não tardou muito para eu ouvir Rehab, sucesso nas rádios. Achei divertido, curti o timbre de voz achei que era uma nova cantora com senso de humor e ponto. Isso foi até eu ouvir Back to Black, segundo álbum da cantora. A sua voz incrível atrelada ao jazz e letras melancólicas me pegaram.

Ouvi e ouço até hoje (com menos frequência, admito) aquele disco como poucos. As piadas com Amy, sempre flagrada em situações embaraçosas com álcool e drogas, eram crescentes. Assim como o número de pessoas que falavam ‘sabe aquela cantora? você se parece com ela’. Não fui ao show de Amy no Rio por pura preguiça e pão-durismo. Primeiro de ir até o HSBC Arena (nunca vou a shows lá, aliás acho que só fui na casa a trabalho) e depois por achar o ingresso, na época, caro.

Lembro que algumas pessoas brincaram “olha, é a última oportunidade, daqui a pouco ela morre”. Ri da piada grotesca e não levei a sério. E perdi. Aquela era a sua primeira e última turnê do Brasil e um dos últimos shows antes de morrer.

Sua história, nos seus curtos 27 anos, é intensa. O livro Amy Winehouse, Minha Filha, escrito por Mitch Winehouse, pai da cantora, inicia com uma tentativa dele em contar o quanto a sua filha foi amada e bem criada por ele e pela mãe dela, Janis. Parece uma forma de se desculpar por não ter conseguido evitar que sua filha tivesse morrido, mesmo depois de brigar com Deus e o mundo para livrá-la do vício em heroína (que venceu em 2008) e depois a luta contra o álcool (Amy vinha tendo progressos e nos dias que antecederam sua morte passava bem, tendo crises de abstinência constantes, mas relutando em não beber).

É triste ver como o seu processo criativo foi afetado, mas também é nítida a relação direta do uso de álcool/drogas com a relação com seu ex-marido Blake. Talvez essas sejam informações velhas para quem acompanhou a história da cantora. O mais interessante de tudo é ver o outro lado, os bastidores, de como cada coisa era publicada. E o pai dela, quase enlouquecendo, tinha que se virar para checar se era verdade ou não. Dá para notar as invencionices da imprensa, o jogo sujo de venda de matérias e a quantidade de pessoas que tiravam sua casquinha do sofrimento de Amy.

Também vale ver como ela era doce e tinha um humor inteligente e perspicaz. Acredito que toda biografia vem comprometida pelo afeto que o autor/biógrafo tem por determinado artista ou biografado. É evidente que um livro escrito pelo pai é, no mínimo, digno de gerar dúvidas. Poderia ser chapa branca ou melodramático demais. Não é o caso. Mitch procura sempre indicar como checou os fatos e os relata sem piedade, quando são verdadeiros, e os desmente quando sua apuração assim demonstrou. Posso estar enganada, mas me parece ser um relato bem honesto, o que torna o livro ainda mais interessante.

Guerra fria

Embora este blog tenha, em sua maioria, posts escritos, imagens são bem-vindas.
Mesmo com a falta de técnica na foto, eis aí uma imagem que como diz o outro, diz mais que mil palavras.
Feira de Artes de Buenos Aires, maio de 2012.







quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Minha paixão por Nelson


Reacionário, polêmico, jornalista, cronista, dramaturgo, homem com frases de impacto, escritor, tricolor, pernambucano. São muitos os adjetivos atribuídos àquele que neste mês ocupa os cadernos de cultura dos jornais de todo o país, os programas de TV especiais e homenagens de toda sorte, seja com sessões de teatro ou cinema. Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico, como foi denominado certa vez, é amado e odiado. Não importa. Desperta sentimentos intensos em quem lê suas declarações.

Não conheci Nelson, nem poderia conhecê-lo. Mas ainda assim me assusto com a força que o seu texto tem de materializá-lo em nossa frente. Tenho sempre a impressão de que ele está ali, soprando no meu ouvido aquelas palavras que saem da página e se transformam em som.

Lendo uma declaração do Drummond outro dia, eu me peguei pensando: caramba, como eu defendo o Nelson, levanto a sua bola sem nem ter sequer o encontrado uma vez na vida. E pelas declarações, ele parecia, em certos casos, um sujeito brigão, radicalmente passional. Talvez lendo o autor em vida não tivesse por ele tanta paixão.

Mas aí é que está o grande lance. Nelson era um apaixonado. Exaltava-se, falava e escrevia com veemência, beirava a infantilidade, certas vezes, quando levava adiante uma birra com um fulano ou um ciclano. O fato é que este pernambucano, que começou a ver as atrocidades da vida quando ainda jovem se tornou repórter de polícia, passou por poucas e boas - pegando empréstimo ao dito popular.

No trecho de “O ex-covarde”, um de seus textos mais bonitos, na minha opinião, ele resume sua bagagem:

“Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho. Sofri muito na carne e na alma. Primeiro, foi em 1929, no dia seguinte ao Natal. Às duas horas da tarde, ou menos um pouco, vi meu irmão Roberto ser assassinado. Era um pintor de gênio, espécie de Rimbaud plástico, e de uma qualidade humana sem igual. Morreu errado ou, por outra, morreu porque era "filho de Mário Rodrigues". E, no velório, sempre que alguém vinha abraçar meu pai, meu pai soluçava: - "Essa bala era para mim." Um mês depois, meu pai morria de pura paixão. Mais alguns anos e meu irmão Joffre morre. Éramos unidos como dois gêmeos. Durante 15 dias, no Sanatório de Correias, ouvi a sua dispnéia. E minha irmã Dorinha. Sua agonia foi leve como a euforia de um anjo. E, depois, foi meu irmão Mário Filho. Eu dizia sempre: - "Ninguém no Brasil escreve como meu irmão Mário." Teve um enfarte fulminante. Bem sei que, hoje, o morto começa a ser esquecido no velório. Por desgraça minha, não sou assim. E, por fim, houve o desabamento de Laranjeiras. Morreu meu irmão Paulinho e, com ele, sua esposa Maria Natália, seus dois filhos, Ana Maria e Paulo Roberto, a sua sogra, D. Marina. Todos morreram, todos, até o último vestígio.

Falei do meu pai, dos meus irmãos e vou falar também de mim. Aos 51 anos, tive uma filhinha que, por vontade materna, chama-se Daniela. Nasceu linda. Dois meses depois, a avó teve uma intuição. Chamou o Dr. Sílvio Abreu Fialho. Este veio, fez todos os exames. Depois, desceu comigo. Conversamos na calçada do meu edifício. Ele foi muito delicado, teve muito tato. Mas disse tudo. Minha filha era cega.”


Eis que todas as dores transformaram o escritor, como ele mesmo definiu, em um ex-covarde. Não tinha medo de falar o que pensava e tinha, devido à sua experiência, a capacidade de enxergar a realidade.

Por isso, acredito que suas frases famosas como “toda unanimidade é burra”, “nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais; as neuróticas reagem” ou cada expressão fora de contexto que nos dê a impressão de que ele era polêmico ou machista - o que de fato poderia ser - são reducionistas. A genialidade de Nelson estava na sua capacidade de enxergar as minúcias que caracterizavam as pessoas, os tipos, e a sua facilidade em descrever com clareza e sonoridade as questões atemporais humanas retratadas em “A Vida Como Ela É”. Suas peças são apenas um recorte do seu texto. As suas crônicas demonstram o seu brilhantismo publicado a cada dia nos jornais.





segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Coletividade...

nada mais é que:
O meu interesse similar ao seu acoplados.

O resto é balela da opinião e intriga da oposição.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O melhor da vida é...


Quando você volta a ser sorridente e ouve música no horário que mais curte no volume em que deseja.


mistério

O som do meu violão
Incomoda o vizinho
Quando insisto em pensar
Que sou passarinho.
Blem, blem, blem,
Um desafino grave
No tom e no grau
E um assobio baixinho.
O mistério do som
É uma arte.