quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Nos bastidores da pauta

Hoje, indo gravar uma pauta na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para o Globo Universidade descobri coisas interessantes. A primeira delas é que a galera da Fundação é precursora das bicicletinhas do Itaú que tomaram conta da cidade. Explico: qualquer visitante - seja ele estudante, professor, funcionário ou jornalista em trabalho - da unidade de Manguinhos (que engloba boa parte das 27 unidades técnico-científicas da Fiocruz) pode se locomover lá dentro (aquilo lá é um mundo, diga-se de passagem) pedalando.

Há estações próximas às diferentes unidades e cada uma delas possui um funcionário fiscal. Você pega a bicicleta, informa nome, RG e telefone e... pronto, pode ir pedalando. As magrelinhas da Fundação foram uma mão na roda (como o perdão do trocadilho)para a nossa locomoção já que os ônibus lá dentro têm horários certos e espaçados para passar. Segundo estudantes, as bicicletinhas funcionam há dois anos no local.

Outro ponto interessante é a Coleta de Óleo de Cozinha. Toda quinta- feira das 8h Às 11h, na Ensp, há uma tenda para coletar o óleo.

Além disso, a Dirac (outra unidade técnico-científica da Fiocruz) disponibiliza num lugar chamado Ecoponto a coleta diária de óleo de cozinha usado, pilha e baterias, além de papel/papelão, plástico, metal, vidro, embalagens longa vida (Tetra Pak), brinquedos e livros.

Para finalizar, vejam que louco: a Fiocruz tem rotas de fuga!!!!! Por ser próximo à comunidade de Manguinhos, onde há índices de violência (a unidade da Ensp, por exemplo, é blindada por já ter sido alvejada), um dos acessos à Fundação, na Av. Leopoldo Bulhões, foi fechado. E lá dentro têm diversas placas que indicam rotas de fuga. Enfim, that's it. Sem mais.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O que não tem remédio, nem nunca terá

Seu Zé tinha uma televisãozinha. Era quase uma debutante a mocinha. Ela acompanhava seu Zé desde o tempo em que fora contratado para trabalhar no prédio número 45 da Rua Álvaro de Campos. Já tinha passado alguns perrengues com ela. O botão de liga e desliga quebrou. Seu Zé conseguiu comprar no camelô um controle remoto que conseguia suprir a função perdida. Teve época em que as imagens viviam desajustadas. Chamou o reparo e ficou tudo bem. Teve problemas com a antena. Comprou outra. E assim foi levando até que um dia queimou o tubo de imagem.

Carlos, seu conhecido da loja de reparos em eletroeletrônicos foi categórico: “Olha, seu Zé, não tem mais jeito. O negócio é comprar outra”.

Felipe, morador do nono andar, que gostava de papear com seu Zé. Chegando esbaforido da rua, ele que tinha um pouco mais de idade que a TV, quase não reparou na novidade. Olhou de relance e indagou: “Ué, seu Zé, tá de televisão nova?”

- É, meu filho, a outra estragou. Mas é assim mesmo. Quando as coisas não têm mais conserto, a gente é obrigado a conseguir algo melhor.

Felipe, que apesar da pouca idade era músico, dono de uma sensibilidade além do comum, entendeu a sabedoria de seu Zé. E resolveu aplicar em seu namoro, tão capenga que o obrigava a enxergar que não tinha mais conserto.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Para ser lunático

Lunático. Posso me lembrar com exatidão a primeira vez que ouvi essa palavra. Uma prima mais velha falava de um garoto qualquer e se referia a ele como tal. Eu, ainda criança, num misto de curiosidade e ignorância, indaguei na mesma hora: “O que é um lunático?”. Ao passo que ela me respondeu que lunático era uma categoria de malucos. “Ah, são aqueles que vivem no seu mundinho. São meio esquisitos. Vivem no mundo da lua”.

Eu fiz um “Ah!”, com uma cara de satisfação por ter aprendido uma palavra nova. Aceitei a explicação sem maiores detalhes. Mas o fato é que eu não sabia o quanto aquela palavrinha faria parte da minha vida.

Sempre tive uma fixação incomum pela lua. Seus formatos, sua luminosidade... Os dias em que fica encoberta pelas nuvens, parecendo fosca e sufocada por elas, me chamam ainda mais a atenção. E quando é lua cheia algo acontece no meu peito. É como Caetano na Ipiranga com a São João. Para os crentes na astrologia, isso tem explicação. A lua rege o meu signo, que é de água, carregando ainda mais na emoção.

A expressão “de lua”, que se refere a quem muda de humor como mudam as fases da lua, também se aplica neste caso. Parece uma avalanche sentimental a cada crescer e decrescer. Deve ser a crença nesses “mitos” que faz com que a coisa de fato aconteça.

Certo dia ouvi uma fulana dizer: “Ah, canceriana? Cancerianos são lunáticos." Disse isso um tom sério. Um amigo, para me sacanear, emendou: “Ô, e como são...” Ela, séria, argumentou que sim, éramos lunáticos, porque éramos regidos pela lua. Eu ri internamente, como se toda a minha cadeia de pensamentos fizesse sentido. Ser de lua, lunático, mudar como as fases da lua. Voltei no tempo e lembrei da definição de minha prima: me enquadrei na categoria estabelecida por ela. Sem nenhuma necessidade, é verdade. Enquadramentos são tão medíocres quanto a própria existência por si só. Mas embalada pelo aval de Cazuza – que suplica piedade aos que não mudam quando é lua cheia, achei conveniente me enquadrar.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sobre as bicicletinhas do Itaú

Desde os tempos da Aldeia que eu tenho o costume de me locomover de bicicleta. O hábito veio comigo para o Rio e durante um tempo quando trabalhava no Centro do Rio, próximo ao Aeroporto Santos Dumont e, posteriomente, no Humaitá, fazia os trajetos de ida e volta pedalando.

De uns tempos pra cá tive que abandonar o hábito por questões de distância e lugar para guardar a bicicleta. Mas uma febre que tomou conta da vida da Zona Sul carioca me trouxe a possibilidade de voltar a ativa. Pois bem. São as famosas bicicletinhas do Bike Rio, financiadas pelo Itaú.

Implantadas na cidade desde outubro de 2011, as laranjinhas, que de acordo com o site do Bike Rio já são 600 espalhadas pelos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Botafogo, Urca, Flamengo e Centro, podem ser vistas circulando entre as 6 horas da manhã e as 22 horas da noite todos os dias.


A questão é que para pagar apenas os módicos R$10,00 por mês, é preciso utilizar a bicicleta em até 60 minutos. O usuário pode até devolvê-la e pegar uma outra laranjinha após 15 minutos. Mas se exceder os 60 minutos sem fazer a devolução em uma estação, deverá pagar mais R$5,00 por hora extra.

São 60 estações espalhadas pelos bairros até agora. Acontece que às vezes elas podem estar lotadas. Por isso, causa um certo desconforto ter que calcular, além dos 60 minutos, um tempo para achar uma estação vaga. Em horários de pico, como no fim do dia, quando as pessoas saem do trabalho e vão para a orla, fica mais difícil de encontrar lugares livres para deixar as laranjinhas.

É verdade que há um suporte. Se a estação estiver lotada, é possível ligar gratuitamente para a Central de Atendimento ao Usuário (0800 8926650). O mesmo vale se a bike quebrar ou for roubada, por exemplo. As bicicletas possuem um cadeado com um código, e a Central orienta como utilizá-lo.

Quem tem smartphone, pode visualizar se há vaga disponível em uma estação mais próxima. Mas o "tempo real" pode não ser tão real assim. No meio do caminho, alguém pode colocar a laranjinha naquela vaguinha que você sonhava ser sua.

Há muitos benefícios no Bike Rio, como o fato de você poder pegar a bike em um lugar e deixá-la em outro. Principalmente se você estiver fazendo um passeio curto. Mas se o seu objetivo é fazer um percurso mais longo, tem que tomar cuidado para o "relax" não virar um stress.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Diálogo

Voltava do Centro da cidade ouvindo minha música, quando uma fulana resmungou qualquer coisa quando passávamos de ônibus em frente a Praça Paris. Parecia querer conversar. Como se tratava de um diálogo, fiz que prestava atenção tirando os fones dos ouvidos.

- Carioca é fogo. Agora virou moda vir na Praça Paris. Ela tá há não sei quantos anos e nunca ninguém deu bola pra ela. Mas é só colocarem qualquer coisa e já vira moda.

Eu dei um sorriso de canto de boca e me fiz de desentendida.

- Mas o que é que está acontecendo aí?

- Ah, é uma exposição.

- De quem?

- Não sei. Um artista com umas bolinhas brancas. Chama instalação, parece.
Eu não sei pra que serve isso. Só sei que saiu até no jornal. E as pessoas vêm até aqui pra ver.
Nunca nem olham pra ela quando passam por aqui.

- E a senhora não acha que é uma boa oportunidade para elas conhecerem?

Senti um certo desconcerto.

- É, mas só por causa das bolinhas...

- Talvez seja arte. Não sei se tem uma função. Mas... Será que não pode ser - a função da arte, se é que ela tem uma -
chamar a atenção das pessoas para o que está do lado delas e elas não vêem?

- Não tinha pensado por aí... Mas isso não exclui o modismo.

- Não, não exclui. É verdade. Mas já não é bom o fato das pessoas que não conheciam ou não davam importância, passarem a
dar?

- É...

- Então. Acho que a senhora poderia resmungar sobre outra coisa...

E voltei a ouvir minha música.