quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cuspindo marimbondos


Cuspindo marimbondos, engolindo sapos, matando dois coelhos com uma cajadada só. Todas essas expressões têm um fator em comum: utilizam um animal para explicar sentimentos que nós humanos vivemos.

Não sei, nem o Google soube me dizer, o porquê de cuspir marimbondos. Mas, uma ferroada de marimbondo nas mãos ou na bochecha (já tive ambas as experiências para comprovar) já é de bom tamanho para ficar com raiva, imagine um marimbondo mordendo a sua garganta?  Ou qualquer parte interna de nosso corpo? Desolador.

Engolir sapos. Bem, engolimos tanta coisa no dia a dia, que me parecem, às vezes, mais intragáveis que um sapo atravessado na garganta, que esta expressão também, mesmo sem saber a origem, faz todo o sentido. Palavras, desaforos, atitudes imbecis, suas e dos outros, sentimentos tortos, sentimentos claros, mas não praticados, realizados, etc. e tal.

Matar dois coelhos com uma só cajadada, que hilariamente já trocaram por aí por caixa d`água, não é fácil, mas também não é impossível. São como aqueles dias de sorte em que você encontra um velho amigo por acaso no meio da rua e ainda acha, horas depois, uma nota de R$50 tilintando na sua frente na calçada, sem vestígio de nenhum dono a quem você pudesse devolvê-la.  

Assim são as expressões dando um colorido ao nosso vocabulário. Que herméticas e sem graça alguma seriam as nossas vidas se falássemos apenas o que consta nos dicionários, não é mesmo? Viva a criatividade popular.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Lista (in progress) dos pequenos prazeres III


Quando você reúne num pacote de fim de semana entrevistar, sem estar previamente marcado, Caetano; encontrar queridos que moram em sua cidade e você não vê há tempos; reencontrar queridos que vêm de longe, seja numa ponte-aérea, seja atravessando a ponte; visitar um lugar que você passa em frente todos os dias, mas não pode parar e entrar; ver e ouvir Marisa Monte ao vivo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Lista (in progress) dos pequenos prazeres


Todas as pessoas que escrevem fazem uma lista. Pode ser uma lista de coisas banais, uma lista de músicas favoritas, de filmes para assistir antes de morrer, ou até de coisas que alguém mais odeia. Pois bem. Farei uma lista meio Amélie Poulain, de petit plaisirs. A vantagem é que o blog segue a linha in progress, não preciso ficar queimando a mufa e fazer uma lista de uma só vez. Então lá vai o primeiro item. Quando outro pousar em minha cabeça, escrevo

- Comprar um pão sobressalente ao número necessário e ir comendo no caminho até em casa só porque ele acabou de ser feito e está quente e irresistível na sua frente.

Da série: alguém fez por mim

Eu me daria ao trabalho de reproduzir aqui, não tivesse o professor Adilson, dos idos tempos de Técnicas de Reportagem,  feito antes de mim em seu blog.

Então vejam lá: http://blogdoprofadilson.blogspot.com.br/2012/09/errei-sim.html

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Óleo alheio



Por falta de tempo de postar meu óleo, posto o de Arthur Dapieve, em carta a Joaquim Ferreira dos Santos nesta sexta-feira (14) no Segundo Caderno do jornal O Globo. Segue o trecho:

(...) Em texto mais antigo, você se queixou que, com raras exceções, nossas cantoras não ateiam fogo às vestes quando são abandonadas pelos amantes, não se descabelam, não sofrem ao microfone. Elas não querem correr riscos, querem ser cool. Amy Winehouse sabia que onde há dor não há ganho. Com homens e bandas, aqui e alhures, não é diferente. A impressão é a de que a sociedade ocidental hoje tem imensa dificuldade de se relacionar com as sombras. Entrou numa viagem sem volta de Prozac. Claro, a morte está aí, mas a turma olha pro outro lado e pede pra não beijar na boca.
(Paradoxo para a hora da insônia: a nossa sociedade é ávida por se expor na frivolidade das redes sociais e se borra de borrar a maquiagem na vida real). (...)

Na ocasião, Dapieve respondia a Joaquim sobre uma proposta feito pelo colunista na segunda-feira (10) a respeito de uma lista de 1001 músicas para ouvir antes de morrer, que o colunista do início da semana carinhosamente apelidou de “músicas para espantar o bode”. Dapieve responde com título “Para amarrar o bode”. No caso, ele defende as canções melancólicas. Com o bode de “Dapi”, como Joaquim gosta de chamá-lo, endosso a lista com Amy numa versão cubana com Rhythms Del Mundo (porque os latinos gostam de um bode).