sexta-feira, 6 de junho de 2014

Sonho de vida

Na próxima vida
Quero vir bon vivant
Ir dormir de manhã
Junto com os violeiros
Ou apenas baderneiros
Aqueles comprometidos
Apenas com o prazer de viver

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Dalí e a abertura da gaiolinha



Para Amir Haddad – o criador do Tá na Rua e um dos pioneiros do teatro de rua como ele é feito atualmente – o lance é lubrificar a periquita. Ou qualquer nome que você goste de dar para o órgão sexual feminino. Para Freud talvez o gancho fosse dar um tiro imaginário no superego. Para um grande amigo meu, o negócio é abrir a gaiolinha que todos nós temos dentro da nossa cabeça.
Eu gosto dessa ideia de destrancar a gaiolinha, é quase como o objetivo de botar um óleo na frigideira que dá alcunha a este blog. É inquietante essa gaiola, às vezes sinto que minha criatividade está toda presa ali como um pássaro que pede pelamordedeus pra sair.  E essa angústia se acentuou ao ver Dalí – o de lá da Catalunha – de perto.
Ao ver a exposição que leva o nome do artista catalão no CCBB, senti pulsar essa vontade de escancarar a gaiola. Explico: me tranquilizou o fato de ver que mesmo  Dalí – aquele gênio que fez parte do surrealismo, que conseguiu pintar tão bem a questão do tempo, que se imortalizou com seus relógios derretidos e nos faz lembrar dele quase 25 anos depois de sua morte – teve sua gaiola fechada.
Ver obras comuns – e embora dizer que são comuns possa parecer arrogante de minha parte– é animador. Ver Dalí pintando um caminho qualquer com árvores ou fazendo retratos do seu pai dá uma esperança de que mesmo com textos ruins hoje, um dia eu possa extravasar de uma forma mais libertária e com mais loucura tudo o que me passa pela cabeça.
Em uma parede com capas de revistas nas quais Dalí aparece, é perceptível esse pulo do gato em sua irreverência e liberdade. Mais novo, é possível ver um olhar ainda ingênuo e pouco louco. Anos depois fica nítida a maneira como se jogou na pintura a ponto de executar tão bem o surrealismo.
É um alento, uma esperança boa – mais que isso -, um estímulo.

Texto e fotos da exposição que fiz para o G1.